Em meio a essa crise, podemos
aprender alguma coisa, se houver a mínima disposição em ler o passado para
construir um futuro diferente. Elenco a seguir pelo menos quatro lições
importantes das eleições de 2018.
1) O voto de protesto leva ao
caos. Votar com o fígado é cavar a própria sepultura. O voto antissistema é raivoso
e irracional. E, por afinidade, descamba para o lado mais estúpido,
incompetente e abjeto. Quem votou por protesto, que aprenda a lição: Deu merda
de novo!
Agora que o sistema foi posto em
ruína pelo antissistema, precisamos desesperadamente do sistema funcionando. Então, a turma
do tio do zap já pode enfiar o rabo entre as pernas e voltar para o silêncio e
para a insignificância. Temos uma pandemia e uma economia em colapso a enfrentar.
2) O voto religioso-moralista é
facilmente manipulado. Valores morais e religiosos (Deus, família,
heterossexualidade, costumes etc.) são a ponte para a manipulação.
Esses valores são, em geral, manipulados por quem, hipocritamente, preza muito
a violência e a barbárie. Infelizmente, os evangélicos foram engolfados pelo
discurso manipulador da extrema-direita.
Agora os crentes - fanatizados e
cegados pelo moralismo - já podem se enfurnar novamente em suas igrejas e
confessar o mal que fizeram ao país. E que nunca mais saiam de lá para fazer
política! Deu merda!
3) O voto populista leva ao fascismo.
O voto no herói-salvador está relacionado com o voto antissistema, mas tem características
específicas. Esse tipo de voto é baseado na fé irracional numa figura fora do
padrão, um sujeito “antissistema”, um messias. Acredita-se que esse sujeito encarna
poderes mágicos para restabelecer a paz.
O que a história mostra é que
esse tipo de sujeito nada mais é do que um fascista, que busca de apoio popular
para implantar seu projeto de poder. O que um líder fascista mais deseja é ser
um ditador. Uma vez autorizado pelo povo, o fascista pode perseguir ferozmente seus
inimigos reais e imaginários.
O fascismo se baseia numa guerra lunática
do “bem” contra o “mal”. Do lado “bem” estão os conservadores, bajuladores e patriotas.
Do lado do “mal” estão todos que não aderem ao projeto fascista. Os inimigos
são, em geral, rotulados por um nome que engloba todos os opositores. No caso
brasileiro atual, os inimigos são os “petistas”.
Estamos nessa crise hoje porque boa
parte da população brasileira achou que um lunático, com raciocínio sub-humano
(e cheio de teorias conspiratórias) era o salvador.
Chega! Já temos evidência
suficiente para ver que o projeto desse sujeito é autoritário, populista,
fascista e autocentrado. Deu merda! Que os ingênuos percam
a ingenuidade! Que os oportunistas de plantão (tipo Amoedo, Doria etc.)
declarem logo seu arrependimento e trabalhem unidos pelo país! Só assim podemos
começar a dolorosa reconstrução do Brasil.
4) Os votos 1), 2) e 3) podem destruir uma democracia. O objetivo de quem é eleito baseado no voto irracional e antissistema é conduzir a sociedade ao colapso, para então
estabelecer o Estado de exceção. Se a sociedade não acordar a tempo, bye, bye
democracia! Estamos numa crise profunda e sem governante.
O autoritarismo está à espreita,
com os militares no entorno do poder prontos para dar o bote. Que os milicos da
ativa voltem para o quartel e os milicos aposentados voltem para o pijama. Deu
merda!
Só a sociedade civil pode governar
a si mesma.
Só a política pode salvar a si
mesma.
Só a democracia pode salvar a si
mesma.