Outro dia postei um texto sobre o aumento da imbecilidade em
tempos de redes sociais. Eu disse no post que os imbecis não passarão (para
conferir o texto, aqui vai o link goo.gl/kUWsWt). Continuo achando (ou
continuo tendo esperança) que os imbecis não passarão. Contudo, não sei se
nossa geração verá isso. Acho que não. A extinção da imbecilidade é um projeto
humano de longo prazo, talvez pra dez gerações adiante. Sou esperançoso.
Nelson Rodrigues, numa perspectiva bem pessimista,
prenunciou exatamente o contrário: a idiotice vai aumentar; ela se tornará a
norma, a regra, a convenção. Ele diz taxativamente: “Os idiotas vão tomar conta
do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos".
Vendo a propagação de fake
news no Facebook, Twitter e Whatsapp, fico muito tentado a mudar de opinião
e seguir a visão pessimista de Nelson Rodrigues. É impressionante a legião de
idiotas que estão compartilhando tresloucadamente fake news nas redes sociais. As pessoas estão perdendo (ou nunca
tiveram mesmo) o senso elementar de plausibilidade, de verossimilhança, de
verdade.
A impressão que dá é que as pessoas estão operando com o
cérebro desligado. Não há um mínimo de reflexão. Em alguns casos, a gente fica
indagando: “Será que o/a fulano/a de tal leu mesmo esse texto? Será que ele/ela
realmente acredita nisso?”.
Nesses tempos de polarização extrema, me parece que as
pessoas, ao se depararem com um texto que tenha qualquer teor político, ativam
um único de critério interpretação: “Esse texto reflete, reforça e propaga a
minha opinião?”. Se sim, é obviamente verdadeiro; se não, é obviamente falso.
Quando uma pessoa nota que um determinado texto defende sua opinião, ela
imediatamente decreta que o tal texto expressa, obviamente, uma verdade
importante e precisa ser compartilhado. Por outro lado, quando nota que o texto
defende uma opinião contrária, ela agora decreta que o tal texto é falso, um
discurso de gente extremista.
“Os imbecis perderam a modéstia”, disse também Nelson
Rodrigues. A gente tem notado que os idiotas estão cada vez mais orgulhosos de
sua condição. Eles sentem um prazer enorme em compartilhar os textos que
reforçam o pensamento de seu bando. Pouco importa se o texto mente, falseia,
ofende. Isso não é critério de avaliação. O que importa mesmo é a celebração do
ódio, o júbilo do bando diante do extermínio da alteridade e da diferença.
Continuo tendo esperança, mesmo com tanta idiotice por
perto. Um dia o ser humano conseguirá vencer o ódio, a barbárie e a ignorância.