A divulgação da conversa de Reinaldo de Azevedo com Andrea
Neves (http://bzfd.it/2rRx7IP), por parte da PRG, é um flagrante abuso de poder. Perece retaliação.
Eu sei... Reinaldo Azevedo é um
jornalista controverso, oportunista; uma pessoa que não inspira qualquer
empatia. Inclusive, fez amplo uso político do grampo irregular de Lula e Dilma
realizado por Moro em março de 2016. (http://bit.ly/2qTZzui; http://abr.ai/2reQdwi).
Portanto, segundo a maioria das
pessoas que conheço, Azevedo não merece uma linha em sua defesa, em matéria de
grampo abusivo. Mas eu não embarco nessa. Sua privacidade pessoal e sua
atividade jornalística não podem, em hipótese alguma, ser violadas.
Se não há evidência de crime no diálogo com Andrea Neves, por
que interessa à PRG divulgar o áudio e anexá-lo ao inquérito? A situação parece
retaliação pelas críticas que Azevedo vem fazendo à operação Lava Jato.
Não custa lembrar que Azevedo se transformou, recentemente,
num crítico feroz do juiz Sérgio Moro (http://abr.ai/2pH7PQ3). A virada aconteceu especialmente
depois que os queridinhos da direita (Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra) começaram a cair
na vala que cavaram para enterrar os petistas.
É uma coisa óbvia, mas precisamos repetir: os direitos
individuais precisam ser garantidos independentemente das ideias que as pessoas
defendem.
Não gosto de Azevedo, não compartilho suas ideias, mas estou
pronto a defender seu direito. A violação de sua privacidade afeta a mim, a
você, a todos nós. Estamos começando a perceber os perigos de viver num Estado
policialesco, comandado por um judiciário que perdeu a noção de seu papel
institucional.
Esse judiciário - viciado em poder e em espetáculo midiático
- está assumindo vorazmente prerrogativas que não são suas. E isso é absurdamente
perigoso.
Se queremos uma reforma social ampla, não é no judiciário
que devemos depositar nossas esperanças e ações. O judiciário não é um poder de
gestão e planejamento social. É uma instituição com outro papel sociopolítico.
A instituição responsável por conduzir os rumos de uma
sociedade é a política, não o judiciário. Se a política está sendo incapaz de
fazer as reformas sociais que desejamos, o que devemos fazer é reformar a própria política,
em vez de dar carta branca a procuradores, promotores e juízes.
Devemos nos organizar socialmente e ocupar os espaços da
política para de lá procedermos às reformas que queremos. Reformemos a política
para, então, reformarmos nossa sociedade!
Não caiamos no engodo de uma proposta de reforma social via judiciário. Isso
não vai dar certo! Não transformemos procuradores, promotores e juízes em salvadores
da pátria. Eles não são! Se algum deles se vê assim, está errado. A salvação
nacional só é possível via ação política.
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