Desde o dia 1º de janeiro de 2015, boa parte d@s cidadã@s
brasileir@s já estava ciente de que a atual composição do Congresso Nacional é,
de longe, a pior legislatura que o Brasil já elegeu. Não esperávamos grandes
coisas de um parlamento liderado por Eduardo Cunha (Câmara Federal) e Renan
Calheiros (Senado Federal).
Contudo, mesmo cientes de que a 55ª legislatura brasileira havia
reunido uma plêiade respeitável de canalhas, ainda nos iludíamos com a ideia de
que havia ali algum lampejo de civilidade e responsabilidade política.
Mantínhamos a crença de que alguns partidos eram sim diferentes (tanto
em termos ideológicos quanto éticos).
Por convicção política e por uma
relutante utopia, rechaçávamos veementemente a possibilidade de embarcar na onda do “é tudo farinha do
mesmo saco”. Recusávamos admitir que a classe política não passa de uma
mistura homogênea de resíduos sociais.
De repente, nossas esperanças e utopias feneceram. Em
agonia, sentimos morrer os últimos suspiros de confiança que tínhamos na
política e na classe política.
Em 2016, nós, @s eleitor@s esperançosos, tivemos que encarar
um calvário de desilusões. Diante de tanto flagelo, não conseguimos prolongar
nossa via crucis. Chegamos ao limite.
Aquela corja de escroques que dá expediente (esporádico) no Congresso Nacional roubou
nossas últimas gotas de esperanças. Agora, não conseguimos acreditar em mais nada.
As evidências de canalhice corporativa mataram nossas utopias.
Neste ano de 2016, o Congresso Nacional nos expôs incessantemente
ao horror. Aquela encenação apavorante do dia 17 de abril de 2016, que abriu as
portas para o golpe, nos mostrou o quanto as vísceras do nosso parlamento são feias e fedorentas.
O ano prosseguiu e os sucessivos flagelos continuaram.
Agora, quase no fechamento do ano de 2016, fomos finalmente
levados ao abate. Relutamos muito. Mas não deu. O escárnio venceu a utopia. A
canalhice dos parlamentares espezinhou todas as nossas esperanças, das mais fortes às mais
frágeis.
Ingenuamente, mantínhamos
viva a crença (só por fé isso permanecia possível!) de que partidos como PP (um
dos sucedâneos da Arena) e o PCdoB são diferentes. A última votação na câmara (que
aprovou o texto-base do projeto de lei que incorpora o suposto pacote de medidas “anticorrupção”)
escancarou o óbvio. “Todos são farinha do mesmo saco”.
Esse ano serviu para destroçar o conceito de democracia
representativa. Num show midiático incessante, fomos levados a visitar diariamente
nossa maior casa legislativa, a suposta casa do povo. Não gostamos do que vimos.
Não tivemos mais força para sustentar a fé política. Não
conseguimos manter a crença no Congresso Nacional como a casa do povo, como uma
casa legislativa que teria sua razão de ser e de agir centrada nos interesses
públicos.
Vimos que o Congresso Nacional é, na verdade, uma casa legislativa
privativa, um clube de negócios de 594 (513 deputad@s e 81 senadores) aproveitador@s
da pior estirpe, um bando de canalhas que submete o Estado aos próprios caprichos.
Realmente o ano de 2016 foi medonho, muito além do que poderíamos
suportar. Resta-nos, neste último mês de um ano que insiste em não acabar,
remoer a morte de nossas utopias e lamber nossas feridas.
O que virá depois? Seremos resgatados desse mundo distópico?
Voltaremos a ter fé na política? Voltaremos a acreditar no Congresso Nacional? Voltaremos
a ver aquela instituição como a casa do povo? Voltaremos a crer que há
diferença entre os partidos? Voltaremos a ter utopias?
Não sei! São tantas perguntas...
Só a história poderá dizer como sairemos desse período de
trevas (se é que sairemos!).
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