Esse momento de crise
na política brasileira não tem apenas um lado ruim. Existe um lado bom. Temos,
finalmente, a oportunidade de sair da idade das trevas em termos de consciência
política.
Hoje em dia as pessoas
estão politicamente inflamadas, com desejo de dar opinião, de participar do
processo. E isso é maravilhoso. Traz esperança.
Esse ímpeto de
engajamento abre uma excelente oportunidade para, finalmente, começarmos a
realizar nossa tão necessária alfabetização política.
Com esse desejo de
participação em alta, podemos mostrar como funciona certos aspectos do nosso
ordenamento político que, em geral, são completamente ignorados pel@s
eleitor@s.
Por exemplo, são
pouc@s @s eleitor@s que levam a sério o partido na hora de votar para cargos no
legislativo. Está aí um dos nossos primeiros erros. E isso acontece, em grande
parte, porque desconhecemos o papel que os partidos têm no processo político.
Atualmente, temos registrado no TSE nada menos do que 35 partidos, a maioria dos quais sem representatividade, sem base social e (o que é mais grave) sem qualquer identificação ideológica.
No dia 17 de abril, nós, povo brasileiro, tivemos o desprazer de ver nossa imagem espelhada na Câmara Federal. Todo brasileiro minimamente educado sentiu muita vergonha do que viu. A maior parte d@s noss@s deputad@s é uma infâmia, uma abjeção.
Temos um número enorme de deputad@s ligado a partidos fisiológicos, isto é, sem lastro social, sem consistência ideológica e abertos a apoiar a força política que oferece mais vantagem.
Precisamos urgentemente compreender o modo como @s polític@s se relacionam com os partidos. Penso que esse é o caminho mais interessante para começarmos a mudar esse quadro de vergonha.
Não podemos votar em
candidat@s de partidos fisiológicos. Esses polític@s, quando eleit@s, se vendem
para a força política (governo, oposição, bancada tal, bancada tal etc.) mais
conveniente, mais rentável pra el@, tanto do ponto de vista eleitoral quanto do
ponto de vista econômico. Um@ polític@ com esse perfil partidário dificilmente atua
em defesa dos interesses de seus/suas eleitor@s.
Bom, levando esse
raciocínio a diante, chegamos à seguinte constatação: votar em candidat@s de
qualquer um dos partidos listados a seguir não é, em hipótese alguma, uma boa
ação para o Brasil:
PMB (35)
PMDB (15)
PTB (14)
PTC (36)
PSC (20)
PMN (33)
PRP (44)
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PRTB (28)
PHS (31)
PP (11)
PR (22)
PSD (55)
PSDC (27)
PTN (19)
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PSL (17)
PRB (10)
PPL (54)
PROS (90)
SD (77)
|
Digo isso porque esses
partidos, em geral, não têm base social, nem bandeira ideológica. São meras
legendas de aluguel. Seus parlamentares são, na grande maioria, vendáveis.
O PMDB, PTB e PP,
embora sejam partidos com razoável quantidade de parlamentares no congresso,
têm um logo e infame histórico de governismo, isto é, sempre fazem parte da
base aliada do governo vigente, independentemente do espectro ideológico do
partido que esteja governando.
Comecemos urgentemente
nosso processo de alfabetização política.
Neste ano de eleições
municipais, temos uma ótima oportunidade de começar a mudar a cara das nossas
casas legislativas.
Nas próximas eleições, quando algum candidat@ a vereador@ vier lhe pedir voto, sugiro que você faça as seguintes perguntas:
a) Desde quando @ senhor@ está neste partido?
b) Por que @ senhor@
está neste partido?
b) Por que @ senhor@
mudou de partido novamente? (Caso @ candidat@ tenha mudando de partido da última
eleição para cá).
c) Caso ganhe, @
senhor@ fará parte de qual força política (governo, oposição, bancada tal)?
Preste bem a atenção
nas respostas que @ canditad@ dará. Aposto que el@ vai ficar desconcertado.
Vamos lutar por um Brasil
diferente. Entendamos que a relação que um político tem com o sistema
partidário é, talvez, a maneira fácil de conhecer seu caráter.
Reflita comigo.
Uma pessoa que muda de partido a cada eleição não tem outra razão para fazer isso a não ser encontrar um caminho mais fácil para chegar ao poder. Essa pessoa é confiável?
Uma pessoa que está num partido que não tem qualquer base social e/ou identificação ideológica tem exatamente a mesma cara do partido. Essa pessoa é confiável?
Comecemos já nossa
longa e necessária jornada de alfabetização política.