Há um ano escrevi o texto “Sou contra corrupção (E alguém é a favor, por acaso?)”. De lá para cá as coisas só
pioraram. Vejamos:
a) O governo Dilma se perdeu ainda mais. Tenho
a impressão de que a única agenda política de Dilma hoje é reunir condições e
forças para durar no cargo pelo menos mais um dia.
b) O PT se recusa a voltar para a sua base
histórica: os movimentos sociais e o povo. Lambuzado e seduzido pelo dinheiro das
grandes empreiteiras e dos grandes capitalistas, não consegue enxergar que não
existe conciliação de classe. Existe apenas concessão temporária.
c) A promiscuidade dos partidos, interessados
quase exclusivamente em aumentar o poder de barganha, está mais acentuada e
descarada.
d) O Congresso continua sem fazer nada. Apenas
cumpre, desastradamente, tarefas protocolares. Na verdade, a maior parte daquela
gente só pensa em si, nos seus projetos de poder. Não há qualquer sinal de que
alguém ali esteja preocupado com o Brasil, que queira apresentar algum projeto
efetivo para transformação de nossa sociedade.
e) A oposição aprofundou, e muito, sua
estupidez, irresponsabilidade e desfaçatez. Continua ressentida, sem projeto político e desesperada para retomar, a qualquer custo, o poder e o governo. Do jeito que a coisa está indo, se essa gente, que tem pouco respeito pela ordem democrática, não conseguir seu objetivo rapidamente, os cartazes dos analfabetos políticos pedindo intervenção militar deixa de ser alucinação e piada para virar projeto.
f) A Mídia Golpista - liderada por Globo,
Veja, Estadão e Folha – continua sendo o maior partido do Brasil, embora não
tenha registro no TSE e nem apresente explicitamente seus candidatos. Esse
partido, em consórcio espúrio com os principais partidos das elites - DEM,
PMDB, PSDB - continua dando as cartas. Oportunista como é, tem se aproveitado,
como sempre fez, da insatisfação geral da população com governos minimamente
populares para colocar a “Corrupção” como pauta única das mobilizações
sociais. Ora, uma leitura elementar de momentos críticos da nossa história
política é suficiente para mostrar o quanto instituições, partidos e políticos corruptos utilizaram, com sucesso, a pauta “Corrupção” para inflamar a população e, com
isso, retomar o poder e o governo. A pauta “Corrupção” é tão pragmática que chegamos,
hoje, ao descalabro de ninguém achar estranho a presença dos senadores Agripino
Maia e Aécio Neves em manifestação anticorrupção. A massa despolitizada acha,
de verdade, que está contribuindo para construção de um país melhor. Enquanto isso
os pauteiros de plantão (Mídia Golpista e Oposição), zombando da ingenuidade dos aliciados, fazem reuniões para os planejar os próximos passos para a retomada do
poder e do governo.
Enfim, um ano depois, aquele 15 de março de
2015 volta para nos assombrar. E agora renasce como um monstro muito mais forte,
ensandecido e estúpido.
Em tempo: para quem tem dificuldade de
leitura, preciso deixar claro que não estou dizendo que “Corrupção” não é uma pauta
importante para as mobilizações sociais. Não é isso que estou dizendo. O que
estou tentando explicar, com muito esforço, é que o caminho mais fácil para se manipular
e se aproveitar de uma massa despolitizada é arrastá-la para manifestações anticorrupção.
Uma vez que se consegue colonizar e manejar a indignação dessa gente, pode-se
extrair dela apoio para derrubar qualquer governo, havendo razões plausíveis ou
não para isso. Os cartazes pedindo “Intervenção Militar Já!” são um prova inequívoca do
que estou dizendo.