Numa democracia, um voto vale um voto e
nada mais que isso. Não há absolutamente nada que agregue valor a um voto
individual ou a um conjunto de votos. Nenhum fator (geográfico, econômico,
social, cultural, político, ideológico, étnico etc.) confere qualificação ao
voto.
Voto de petralha vale um voto; voto de
coxinha vale um voto. Na verdade, ao ser computado, o voto lança fora a
história e as feições ideológicas do eleitor, tornando-se um número na multidão
dos números. Embora isso seja uma obviedade quase infantil, ainda temos certa
dificuldade de aceitar que o voto do outro seja tão legítimo quanto o nosso. E
eleitores que acumulam algum tipo de poder simbólico – por exemplo, econômico,
geográfico ou cultural – têm ainda mais dificuldade de lidar com essa
obviedade.
Quem realmente reverencia a democracia
respeita e exige respeito pela isonomia do voto. Quem realmente entende o que
significa viver num país democrático jamais aceita qualquer tipo de
desqualificação do voto alheio.
Numa democracia, não existe voto
nordestino ou voto paulista. Existe o voto brasileiro simplesmente, sem nenhuma
roupagem geográfica.
Quem considera o próprio voto superior,
por qualquer razão que seja, precisa urgentemente de educação política.
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